top of page
Buscar

O que o ciclismo me ensinou sobre autoconhecimento e coaching.

Ano passado não imaginava que seria capaz de pedalar 63km e 1.300m de altimetria acumulada do #giroditalia . Para falar a verdade não tinha ideia do que isso significava. Sempre fui do esporte mas ainda não tinha retomado as práticas de forma consistente devido ao trabalho e à maternidade. Ano passado decidi aprender e me dedicar ao ciclismo de estrada. O resultado? Muita endorfina, pessoas sensacionais que conheci no caminho, uma coach que me ajudou a alcançar o equilíbrio entre saúde e superação. Me desenvolvi para além do físico e da capacidade cardiorrespiratória e nas situações extremas que me deparei, me conheci ainda mais. Impossível não fazer um paralelo com autodesenvolvimento, certo? Por isso decidi compartilhar minha experiência aqui com vocês.

O esporte de alto rendimento para atletas amadores exige além do preparo físico, persistência, resiliência e foco. Muito foco. Afinal, horários disponíveis concorrem com trabalho, família, amigos. Então se quisermos manter os pratos rodando, a priorização é chave. Me inscrever em uma prova de ciclismo foi o foco que eu precisava para alcançar a consistência de treino, dedicação e satisfação em adotar um esporte novo. A preparação exigiu planejamento e dedicação, seja para acordar de madrugada, para treinar naquele dia de preguiça, para seguir uma alimentação adequada, cortar ou diminuir o álcool e dormir cedo.

Os treinos preparatórios me ensinaram muito também sobre humildade e confiança no planejamento de médio prazo. Alguns treinos foram muito leves e conhecidos me ultrapassavam rápido tentando me motivar a ir mais forte (às vezes tirando onda com a minha cara mesmo). Minha coach havia me explicado o motivo para aqueles treinos chamados "de recuperação" e me pediu: "confia no processo". Mais do que confiar no processo, confiei nela, uma ciclista experiente e uma pessoa muito empática. E fui indo assim. Confiando nela e no processo, me conhecendo cada dia mais, também através do olhar da minha treinadora, uma pessoa e ciclista que eu admiro.

Mesmo me considerando tranquila no dia da prova, a mente e o corpo foram submetidos ao estresse e à adrenalina, exigindo concentração e - olha ele aí de novo - o foco. Meu momento de exaustão foi um trecho de 2km com inclinação de 12 a 18,5% no qual várias pessoas diminuíram a velocidade, muitas vezes fechando uns aos outros (não de propósito, mas por que andar de ziguezague ajuda a diminuir o esforço). Com pessoas diminuindo ou parando, perdi a cadência e, em uma decisão rápida e necessária, retomei com força total para chegar ao trecho mais vazio no qual eu poderia manter uma velocidade constante, algo que eu fosse capaz de aguentar por mais tempo.

Até então tudo estava andando conforme a estratégia de execução da prova, mas este movimento de ultrapassagem na subida mais íngreme não estava previsto, me exigiu muito e cheguei à exaustão. Pensei em como seria descer e empurrar a bike como outras pessoas faziam. Recuperei a respiração. Me concentrei em buscar pequenas conquistas. Uma pedalada de cada vez.

Meus treinos me mostraram a diferença entre o meu limite físico e o da cabeça. E minha cabeça foi dividindo aquele desafio em pequenas partes, até terminar o trecho mais difícil. Se não fossem os treinos eu não saberia que seria capaz de baixar meus batimentos - essencial para minha saúde - e seguir até o final daquela subida. E, pior, meu coração não estaria treinado para aguentar essa variação brusca. Com esse autoconhecimento, concentração, calma e respiração, passei o trecho mais difícil. Ao final daquela subida outras pessoas já me esperavam comemorando minha chegada. Celebramos juntos a conquista daquele trecho, joguei água na cabeça e seguimos para as próximas subidas.

Na linha de chegada, uma mistura de felicidade, realização e alívio, tudo ao mesmo tempo. Enviei um áudio de agradecimento à minha coach, afinal aquela conquista também era dela. Achar a combinação de ferramental e apoio para nosso momento é a chave para qualquer processo de desenvolvimento. E minha coach fez um caminho belissimo adaptando o foco do treinamento, ao meu momento, ao caminho que eu precisava em cada passo, mais do que tudo, me apoiando e mostrando na prática como eu era capaz. Celebrei muito o final desta prova, antes de começar a pensar no próximo desafio. Sim, porque superação é isso, né? Rumo aos 100km agora. Essa semana é de treinos leves de novo, "bora"seguir confiando no processo.



9 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page